O tempo não fecha sozinho: por que precisamos de rituais para encerrar ciclos
O tempo não fecha sozinho: por que precisamos de rituais para encerrar ciclos – Crédito: Divulgação
No calendário, o ano termina em 31 de dezembro, na vida real, não é tão simples.
Encerrar um ciclo não é apenas virar a página ou mudar o número na data. Requer processamento, significado e algum tipo de gesto que marque: isso acabou, algo novo começa. Sem esse movimento consciente, a experiência de continuidade se perde e a sensação é de que tudo se repete, sem pausa.
Pesquisadores em comportamento e saúde mental chamam isso de lacuna de transição: o espaço entre um fim e um começo. Quando essa lacuna não acontece, a mente segue como se ainda estivesse em estado de esforço contínuo.
É por isso que o fim do ano, para muitos, chega acompanhado de cansaço, ansiedade e a sensação de que "o tempo passou rápido demais".
Em diferentes culturas, rituais de encerramento surgiram como forma de organizar simbolicamente o tempo.
Eles servem para:
registrar o que aconteceu
reconhecer esforço e trajetórias
criar sentido para o vivido
e permitir descanso mental para começar um novo ciclo
Na prática, o ritual funciona como uma ponte entre o passado e o futuro. E essa ponte pode ser simples: uma reunião de fechamento, uma despedida, uma conversa de balanço, um agradecimento, um gesto de celebração. A ausência desses marcos faz o ano parecer um bloco contínuo — sem início, meio e fim.
No trabalho, a falta de fechamento cobra preço
Ambientes corporativos acelerados tendem a pular etapas: fecha-se o trimestre e já se inicia o próximo; entrega-se uma meta e já se estabelece a seguinte; um projeto acaba e outro começa imediatamente.
Sem tempo para reconhecer o caminho percorrido, o colaborador entra em modo de produção contínua — e não em ciclo.
Estudos da Universidade de Oxford mostram que equipes que não vivenciam rituais de fechamento apresentam maior exaustão emocional e menor sensação de propósito ao longo do tempo.
Rituais não precisam ser grandiosos
Eles podem ser discretos, cotidianos e objetivos. O que define um ritual não é o tamanho, mas a intenção.
Pode ser:
um agradecimento coletivo
um encontro informal
uma conversa de balanço
ou um gesto simbólico que represente conclusão
No Brasil, a cesta de Natal se tornou um desses símbolos ao longo das décadas. Não só pelo seu conteúdo, mas pelo que ela marca: o reconhecimento de um percurso.
Quando ela chega à casa do colaborador, ela não marca apenas o fim do ano — ela torna o fim visível.
Terminar um ciclo não é apenas encerrar tarefas. É permitir respiro, pausa e reorganização interna. Sem isso, o próximo ciclo começa sobre um terreno desgastado.
Encerrar é, portanto, um ato de cuidado — consigo, com o outro, com a relação.
No fim, a pergunta que fica é simples:
Você virou o ano ou apenas seguiu correndo?FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/especial-publicitario/capital-das-cestas-nosso-sabor-de-natal/noticia/2025/11/14/o-tempo-nao-fecha-sozinho-por-que-precisamos-de-rituais-para-encerrar-ciclos.ghtml