Vítima de intolerância religiosa foi ameaçada e teve casa atacada antes de ser esfaqueada: ‘jogaram fezes’, diz tia
Casal que esfaqueou vizinha foi preso em flagrante, em Mogi Mirim (SP).
Arquivo Pessoal
O casal que foi preso em flagrante após esfaquear a vizinha em Mogi Mirim, nesta quinta-feira (13), já tinha feito ameaças à jovem em bilhetes e jogado fezes na casa dela, segundo a tia da vítima. "Começaram com pichação no muro, falando coisas ofensivas sobre a religião, falando para ela ir para o inferno. Jogaram fezes na casa dela, o tempo todo era isso, jogavam papéis com ameaças", afirma a tia, Chayene Cavalcante.
A delegada Emília de Oliveira Araújo, responsável pelo caso, confirmou à EPTV, afiliada TV Globo, que irá relatar o caso à Justiça como tentativa de homicídio com características de intolerância religiosa.
De acordo com o boletim de ocorrência, após ser abordado em casa, Marcelo Aparecido Ramalho, de 54 anos, confessou que ele e a esposa esfaquearam a vizinha. A mulher, Leide Cristiane Da Silva Borges, de 39 anos, confirmou que pichou o muro. O g1 tenta contato com a defesa do casal.
A vítima, Miryan De Oliveira Silva, permanece internada na Santa Casa de Mogi Mirim com um dreno no pulmão, segundo a Polícia Civil.
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Início das ameaças
A vítima morava no bairro Aterrado desde julho e os ataques teriam começado logo após a mudança, segundo a tia. Além de jogar fezes na casa da jovem, os vizinhos também teriam feito ameaças através de pichações e bilhetes.
“Primeiro foi com um papel com sangue, ou supostamente sangue, ameaçando ela, dizendo que era para ela sair dali, porque ninguém aceitava o tipo de religião dela.”, contou Chayene.
'Só queremos justiça'
Casal foi preso em Mogi Mirim (SP) por tentativa de homicídio contra a vizinha; vítima alega que sofre intolerância religiosa
Arquivo pessoal
A família segue a umbanda e afirma que Miryan era alvo constante de perseguição. “Alguns vizinhos falaram para a gente que eles tinham jogado papel em outras casas, falando que tinha uma macumbeira morando em tal rua”, relatou a tia.
Chayene conta que a sobrinha "é uma menina trabalhadeira" e que buscava evitar problemas com outras pessoas. "É só para cada um viver o seu e deixar a gente viver o que a gente gosta. Cada um tem que procurar Deus da forma que acha melhor", diz.
"A única coisa que eu quero é a justiça, porque não é a escolha da nossa religião, que define o nosso caráter", afirma.
Ataque durante a madrugada
Em declaração colhida por investigadores na Santa Casa de Mogi Mirim, onde Miryan foi internada, ela contou que ouviu barulhos nos fundos do imóvel, e quando abriu a porta se deparou com a dupla no local, sendo atacada a golpes de um objeto que parecia uma adaga.
Ainda segundo o registro da ocorrência, Miryan disse que começou a gritar por socorro e, ao tentar se desvencilhar dos agressores, tirou a máscara do rosto de um deles, reconhecendo o vizinho. Neste momento a mulher do agressor teria pedido para ele segurar a vítima pois iria "acabar com ela".
Myrian contou que conseguiu escapar para a frente da casa, e os agressores correram para os fundos. A Polícia Militar foi acionada, e uma equipe do Samu fez o resgate da mulher com corte profundo no braço direito e uma perfuração no tórax.
A partir das informações e o reconhecimento, policiais civis foram até a casa dos suspeitos, que foram conduzidos até a delegacia.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, Marcelo estava com as mãos machucadas e confessou que ele e a mulher pularam o muro com o auxílio de uma escada e que, durante discussão, teriam desferidos facadas na vítima. Leide disse somente que pichou o muro.
O homem disse, inclusive, que a arma do crime estava na residência - ela foi localizada e apreendida, assim como as roupas usadas pelo casal no crime.
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